Sérgio Moro negou que as ações da Lava Jato sejam parciais e defendeu continuidade das investigações
Antonio Cruz/Agência Brasil - 2.2.16
Sérgio Moro negou que as ações da Lava Jato sejam parciais e defendeu continuidade das investigações

Responsável pelas ações penais da Operação Lava Jato em primeira instância, o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba (PR) afirmou nesta segunda-feira (6) que as investigações contra a corrupção que estão em andamento no Brasil possibilitarão o fortalecimento das instituições e reforçarão na sociedade a aversão contra o comportamento de pessoas públicas que descumprem a lei.

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Sérgio Moro participou nesta segunda-feira de uma conferência na Universidade de Colúmbia, em Nova York, nos Estados Unidos. Ele ministrou uma palestra, que sofreu atraso em razão de protesto realizado por grupos que se opõem à condução da Lava Jato. Os manifestantes consideram que o magistrado atua sem imparcialidade.

Em sua fala, defendeu agilidade nas investigações da operação para que sejam evitadas as práticas de "obstrução" da Justiça , como costuma ocorrer quando há nomes de políticos e empresários importantes envolvidos. Ele disse que quem vive nos Estados Unidos não tem ideia do número de processos em andamento. "É além da imaginação", disse. Moro acrescentou que o excesso de casos acaba permitindo manobras obstrutivas. "É uma história sem fim", definiu.

O magistrado citou alguns contratempos enfrentados ao longo das investigações. Entre eles a morte do ministro Teori Zavascki, do STF (Supremo Tribunal Federal), no último dia 19 . Para ele, Teori era profundamente comprometido com a celeridade dos processos e disse esperar que o novo relator, Edson Fachin, dê continuidade a esse trabalho.

“Doença”

O juiz considerou que a corrupção se assemelha a uma “doença tropical”. Entretanto, seguindo ele, no Brasil , o combate aos desvios de políticos e empresários está mostrando à sociedade que é possível superar o problema.

Ele considerou infundadas as críticas de que a Lava Jato tem prejudicado a economia brasileira por envolver grandes empresas que geram investimentos e empregos. Disse que, se os investimentos foram planejados com essa noção de que não há corrupção, os recursos provenientes dos lucros das empresas vão ser dirigidos "para combater a miséria" e não para o pagamento de propinas.

Respostas

Moro rebateu as acusações de que a Lavo Jato não tem a imparcialidade necessária a uma investigação judicial. "Isso não é certo.” Ele admitiu que, em alguns casos, segmentos da equipe de investigação vão além do esperado, mas esclareceu que os exageros não chegam a comprometer o resultado da operação. "Os crimes estão expostos e os procuradores e [integrantes do] Judiciário são sérios".

Questionado por uma participante sobre os constantes vazamentos da Lava Jato, respondeu que "é muito difícil" saber a origem da informação quando ela sai do controle da investigação. "É muito difícil saber quem vazou para a imprensa", disse. Indagado sobre o fato de aparecer em imagens ao lado de políticos que estão sendo investigados na Lava Jato, como o caso do senador Aécio Neves (PSDB-MG), argumentou que as fotos divulgadas se referem a um evento público em que, por acaso, os políticos investigados também participavam.

Por fim, atribuiu os boatos espalhados na internet de que seria um agente da CIA (órgão de inteligência do governo norte-americano) a uma "teoria da conspiração", que busca tirar do centro do debate político os efeitos positivos das investigações.

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Além de Sérgio Moro, o seminário contará nesta terça-feira (7) com palestra da presidente do STF , ministra Cármen Lúcia.


* Com informações da Agência Brasil

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