Integrante da coordenação nacional do MTST, Guilherme Boulos foi preso pela polícia na manhã desta terça (17)
Reprodução/Facebook/Guilherme Boulos
Integrante da coordenação nacional do MTST, Guilherme Boulos foi preso pela polícia na manhã desta terça (17)

A Polícia Civil liberou no início da noite desta terça-feira (17) o ativista Guilherme Boulos, um dos integrantes da coordenação nacional do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto). Ele havia sido detido pela PM no período da manhã durante a desocupação de um terreno  no Jardim Colonial, na zona leste de São Paulo.

Segundo informações passadas pelo 49º DP (São Mateus), Boulos foi liberado depois de prestar depoimento. Agentes da Polícia Militar que efetuaram a detenção também foram ouvidos. 

A PM informou que, durante a reintegração de posse, "os moradores resistiram e passaram a arremessar rojões, bombas caseiras, coquetéis molotov e outros objetos contra os policiais e viaturas do Choque. Um policial ficou ferido e duas viaturas foram danificadas".

O MTST afirma que aproximadamente 700 famílias foram despejadas durante a ação no Jardim Colonial. “Cerca de 3 mil pessoas: homens, mulheres, crianças, idosos, deficientes que foram jogados na rua por uma decisão judicial que considerou apenas os interesses do proprietário de um latifúndio urbano que só servira antes das pessoas morarem ali para especulação imobiliária”, diz texto publicado na página do movimento no Facebook .

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Para tentar evitar a desocupação, o MTST diz ter procurado alternativas, “evitando, assim, um massacre de pessoas pobres que nada mais estavam que lutando pelo direito constitucional da moradia”.

Perseguição

A coordenação do MTST considera que a prisão de Boulos é “injusta” e representa uma perseguição contra os movimentos sociais. “A Tropa de Choque , que estava violentamente removendo 700 famílias, também afirmou que Guilherme Boulos está ‘marcado’ e que tem gravações da sua participação em atos Fora Temer”, referindo-se às manifestações contrárias ao governo do presidente Michel Temer (PMDB).

“O direito de se expressar e lutar por seus direitos está cada vez mais cerceado e a importante ação dos movimentos sociais frente à onda conservadora na política e nas ruas está ameaçada”, acrescenta a nota do MTST. A SSP não respondeu às críticas feitas pelo grupo.

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Ainda de acordo com o movimento, a alegação dada pela PM no momento da prisão foi a de que Boulos teria desobedecido ordens dadas pelos agentes e incitado a prática criminosa. O artigo 330 do Código Penal estabelece que “desobedecer a ordem legal de funcionário público” é crime, com pena de detenção de 15 dias a seis meses, além de multa. Para a incitação ao crime, a pena é de três a seis meses de prisão e multa. Por meio de nota, entretanto, a Polícia Civil disse que Boulos e um outro manifestante assinaram termo circunstanciado de resistência.

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