A indústria automotiva está vivendo um fase de turbulência existencial. Padrões de comportamento dos consumidores de carros, que eram relativamente estáveis e previzíveis, se alteraram, nos últimos 5 anos, numa velocidade tão alta,  que as grandes montadoras foram obrigadas a rever seus modelos de negócio, e reaprender quem é o seu novo consumidor, o que ele deseja e quais são seus valores. A Chevrolet é um bom exemplo de empresa que entendeu essa mudança e se adaptou.

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A montadora americana focou seus esforços no desenvolvimento de tecnologias de ponta, que acompanhem a modificação do conceito de mobilidade. Os executivos da Chevrolet perceberam que o novo consumidor urbano de carros exige soluções de transporte que sejam flexíveis, convenientes, baratas, integradas, seguras e com consciência social e ambiental.

Semana passada, a convite a Chevrolet, tive a oportunidade de conhecer, em Detroit, algumas das respostas que eles estão oferecendo aos seus consumidores. São três tecnologias em diferentes estágios de implantação, mas que possuem uma coisa em comum: trazem o futuro para o presente.

1) MAVEN

A palavra Maven, em inglês, significa uma pessoa com conhecimento e experiência. Para a Chevrolet este é o nome de uma incrível tecnologia de mobilidade urbana, que até poucos meses seria classificada como uma divagação futurística. Mas não é. O Maven é uma realidade solidamente implantada em 17 cidades dos Estados Unidos e que já foi usada por 12 milhões de pessoas.

O Maven é um serviço de compartilhamento de carro, ou seja, você não é o proprietário do veículo e sim um usuário que paga apenas pelo tempo de uso. Dentro da Chevrolet essa ideia não é nova. Há anos seus executivos concluíram que a solução para mobilidade urbana não seria mais a construção de novas estradas, viadutos, tuneis e infraestrutura para carros.

Entre dezenas de funções, o aplicativo MAVEN permite localizar, reservar e destrancar o carro
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Entre dezenas de funções, o aplicativo MAVEN permite localizar, reservar e destrancar o carro

Além disso, vários estudos comportamentais e demográficos indicavam que, ao contrário dos anos 1950, quando houve um fluxo de famílias deixando as grandes cidades e indo para os subúrbios, nos anos 2000 esse movimento se inverteu, gerando inúmeras megacidades. Isso criou um novo cidadão urbano que demanda soluções de mobilidade conectadas, inteligentes, rápidas e flexíveis. Um exemplo vivo disso é a revolução causada pelo Uber.

Foi em cima deste cenário que a Chevrolet desenvolveu o Maven, um produto digital de conectividade, baseado no conceito do compartilhamento de mídias sociais, onde um grupo de pessoas compartilha uma frota de carros.

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O uso do Maven é muito simples e intuitivo. Através de um aplicativo baixado no seu celular, você se cadastra, escolhe um carro da frota, define o local de retirada e entrega e reserva o horário de uso. Chegando no local de retirada você destrava o carro pelo seu celular e sai dirigindo. Se precisar alterar o horário de entrega, é só informar pelo celular. Você paga apenas pelo tempo utilizado, e dependendo do modelo escolhido o preço varia.

Estacionamento MAVEN
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Estacionamento MAVEN

Nas cidades onde o serviço está disponível, há dezenas de locais onde os carros da frota Maven ficam estacionados. São nesses bolsões que os veículos são abastecidos, revisados e limpos pelo staff da Maven. Você não se preocupa com seguro, gasolina, manutenção; paga apenas pelo tempo de uso do carro.

Segundo os responsáveis pelo projeto, o custo do Maven é menor do que um taxi e compatível com um aluguel. Uma modalidade muito bacana deste serviço é o Maven GIG, desenhado para clientes que desejam usar o carro para prestar serviços, como entrega de pacotes ou até como um taxi ou Uber.

No Brasil a Chevrolet já implantou o Maven, mas nessa fase inicial de testes de logística  e homologação, está disponível apenas para seus funcionários.


2) CARRO AUTÔNOMO

Esse é um daqueles projetos que só dá para acreditar quando se vê pessoalmente. E mesmo assim você se pergunta: Por que fazer isso? A melhor resposta que eu tive, e que foi suficiente para eliminar minhas dúvidas foi simples: se a Apple, Uber e Chevrolet estão apostando nessa tecnologia e investindo pesado no desenvolvimento de protótipos, isso faz sentido.

Linha de montagem do Chevrolet Bolt EV Autônomo - Note os sensores no teto do carro
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Linha de montagem do Chevrolet Bolt EV Autônomo - Note os sensores no teto do carro

No caso da Chevrolet, a fase dos protótipos feitos em laboratórios já ficou no passado, eles se transformaram na primeira montadora do mundo a construir, numa linha de montagem de veículos, 150 Chevy Bolt autônomos, que já estão rodando em testes avançados em São Francisco, Detroit e Scottsdale. O que é exatamente um veículo autônomo?

É um carro que não precisa de motorista, ele se dirige sozinho. Você apenas informa para onde que ir, e o carro faz o resto, te deixando livre para ler, dormir, trabalhar, ou apreciar a paisagem. Isso é feito através do uso de um sofisticado sistema de computação que recebe e processa milhares de informações por segundo, captadas por câmeras, radares, emissores infravermelhos e GPS.

O Chevrolet Bolt Autônomo consegue ler e interpretar sinais de transito como placas de velocidade, de curvas, de estacionamento, de parar, sinais luminosos e cores. Ele também percebe diferentes tipos de obstáculos como pessoas, bicicletas, carros, construções, buracos e animais. O sistema também consegue reagir ao inesperado, como um carro cruzando na frente na contramão ou um carro que sinaliza uma curva para a direita, mas vira para esquerda.

O Chevrolet Bolt EV Autônomo é o único carro auto dirigível produzido numa linha de montagem. 150 estão em testes nas ruas
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O Chevrolet Bolt EV Autônomo é o único carro auto dirigível produzido numa linha de montagem. 150 estão em testes nas ruas

Ainda há muitas perguntas a serem respondidas sobre essa tecnologia. Por exemplo: quem é o responsável se ocorrer uma batida? E se um hacker invadir o sistema e passar a controlar o carro? De qualquer forma, o conceito de carro autônomo, que era levado tão a sério como os veículos do desenho animado “Os Jetsons” da década de 1960, já é uma realidade e sua produção em massa e venda para o consumidor, pode estar tão próximo quanto a curva da próxima esquina.

3) CHEVY BOLT ELÉTRICO

Raiva. Este é o sentimento que me vem quando penso nesse carro. Por que? Simples: ainda não há planos para ele ser vendido no Brasil. Até eu dirigir esse incrível carro elétrico, me gabava em dizer que carro de verdade tem que ter motor de oito cilindros e carburador mecânico, nada dessas porcarias eletrônicas. Bastou por as mãos no Chevy Bolt elétrico, que décadas de convicções automotivas foram destruídas.

Chevrolet Bolt EV
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Chevrolet Bolt EV
Chevrolet Bolt EV
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Chevrolet Bolt EV

Ao dirigir esse carro elétrico, a sensação que tive foi de que a Chevrolet esticou os braços no tempo, alcançou o futuro e o trouxe para o presente. O carro é bonito, acelera como o demônio, é intuitivo, muito bem acabado, prático, barato (nos Estados Unidos) e dá aquela grata sensação de que você não está poluindo o meio ambiente.

Antes de ver o carro eu tinha uma preocupação estética: será que a Chevrolet vai fazer aquela pataquada de design futurístico que a BMW fez com seu carro elétrico, o i3? Não. Seu visual é perfeito, equilibra muito bem detalhes arrojados e modernos, mas com estética e bom gosto. 

A segunda questão que eu tinha sobre o Bolt era sobre aquela praga da baixa autonomia, que persegue todas as montadoras que se aventuram a entrar no mundo dos carros elétricos. Para minha total surpresa a Chevrolet deu uma resposta poderosa ao consumidor entregando 383 quilômetros de autonomia com apenas uma carga! As baterias do Bolt podem ser 100% carregadas em 9 horas plugando o carro numa tomada de 240V, ou se você comprar um equipamento opcional de carga rápida, consegue 80% de carga em apenas uma hora. Perfeito!

Painél e tela multimídia são 100% digitais e podem ser customizados. Sua operação e bastante intuitiva e simples
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Painél e tela multimídia são 100% digitais e podem ser customizados. Sua operação e bastante intuitiva e simples

Ainda no tema da autonomia, o Chevy Bolt possui alguns sistemas de geração de eletricidade que são acionados enquanto você dirige o carro, e que aumentam ainda mais seu raio de ação. Por exemplo, um dos modos de direção que você pode escolher é o “Regen On Deman”. Basta apertar um botão e toda vez que você tirar o pé do acelerador, ele aciona o freio suavemente gerando energia que é convertida em eletricidade e direcionada para as baterias.

Ao entrar no carro a sensação de acessar o futuro aparece forte. O painel e a enorme tela multimídia de 10 polegadas são totalmente digitais e permitem inúmeras configurações e customizações, um verdadeiro vídeo game que entrega dezenas de informações sobre o carro de forma fácil e intuitiva, compatível com Apple Carplay e Androidauto.

Repare a barra amarela do lado direito na primeira foto abaixo.  Ela indica que o carro está acelerando e consumindo eletricidade. Na segunda foto abaixo, a mesma barra está verde, indicando que o Bolt está gerando eletricidade através da energia produzida por uma frenagem. Nas duas fotos, a barra verde do lado esquerdo mostra a quantidade de energia restante nas baterias e a autonomia de 206 milhas.

Painél - A cor amarela da barra do lado direito, indica consumo de eletricidade ao acelerar. A barra verde do lado esquerdo indica a quantidade de energia restante e a autonomia de 206 milhas
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Painél - A cor amarela da barra do lado direito, indica consumo de eletricidade ao acelerar. A barra verde do lado esquerdo indica a quantidade de energia restante e a autonomia de 206 milhas
A barra verde do lado direito indica que o carro está produzindo e armazendo energia produzida durante uma frenagem, aumentando a autonomia do carro
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A barra verde do lado direito indica que o carro está produzindo e armazendo energia produzida durante uma frenagem, aumentando a autonomia do carro

No quesito vídeo game, destaco o “Bird’s Eye View” e o retrovisor interno. O primeiro é um sistema que usa imagens captadas por várias câmeras espalhadas pelo exterior do carro, e projeta na tela de multimídia, uma imagem do carro vista de cima, com tudo que está ao seu redor. Você consegue ver se alguém está andando atrás do carro, um obstáculo na lateral, um objeto na frente, etc...

Outro sistema genial é o retrovisor interno. Ao apertar um botão, o espelho se transforma numa tela que recebe uma imagem, coletada por câmeras digitais, de tudo o que está acontecendo atrás de você, sem nenhum obstáculo. Se houver duas pessoas sentadas no bando traseiro elas “desaparecem” e sua visão fica 100% desobstruída! É como se o carro tivesse a parte de traseira serrada, você consegue ver tudo!

O competente motor elétrico do Bolt gera 200 cavalos de potência e leva o carro de 0 a 100km/h em menos de 7 segundos, sem fazer nenhum barulho, parece mágica. A resposta do pedal do acelerador é imediata, contínua e fluída, transmitindo uma boa dose de prazer e de controle. O peso das baterias elétricas e sua disposição no assoalho do carro, abaixam o centro de gravidade do carro produzem um efeito de maior estabilidade. 

A Chevrolet não economizou nos itens de segurança ativa. Entre opcionais e equipamentos de série o Bolt oferece: Detecção de ponto cego, Alerta de colisão frontal, Freio de emergência de colisão frontal e traseira automático, Alerta de saída não intencional de faixa de rodagem, Monitor de movimento traseiro, Sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, Piloto automático adaptativo, Acendimento automático de luzes e Assistente de estacionamento.

O Chevy Bolt é uma perfeita expressão da aplicação de tecnologia de ponta superior num hatchback bonito e muito bem acabado, de alta performance e gostoso de dirigir no seu dia-a-dia, oferendo muito espaço interno para passageiros e bagagem. Não é coincidência que o Bolt ganhou, nos Estados Unidos, os prêmios: Motor Trend Car of the Year 2017,  North American Car of the Year 2017, Automobile Magazine 2017 All Star e também foi escolhido pela revista Time como uma das 25 melhores invenções de 2016.

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